A MÚSICA DE DENÚNCIA NO PROCESSO EDUCATIVO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA AMAZÔNIA CENTRAL


O professor Isaías dos Santos, Mestre em Ciências da Educação (Saint Alcuin/CHILE); Pós Graduado em Língua Portuguesa e Literatura (FACIBRA); Ensino de Língua Portuguesa (FATEC) e Graduado em Letras (UEA/CESP), além de ser Pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Ambientes Amazônicos da Universidade Federal do Amazonas (NEPAM/CNPq) — coordenado pelo Prof. Dr. Renan Albuquerque/UFAM — lançou em Abril de 2021 o livro “A Música de Denúncia no processo educativo de Língua Portuguesa na Amazônia Central”. Material publicado pela editora Parintinense “Gráfica João XXIII”. 

O material é fruto de uma investigação de cinco anos, no âmbito da Língua Portuguesa, em territórios da Amazônia; mais precisamente entre escolares da cidade de Parintins, Amazônia Central. A obra tem como pressuposto reflexões pertinentes sobre o artificio da Música na práxis pedagógica, propondo considerações que elucidam a realidade dos ambientes diversificados e dos excluídos. 

Expõe como suporte os gêneros do ‘rap’ e o ‘rock’ — nas figuras do ‘Racionais MC’s’ e da ‘Legião Urbana’ —, que em sua totalidade são frutos de um choque entre culturas brancas de origem europeia e de produções negras; uma constatação inevitável. Tais espécimes musicais tornam público os incômodos e precariedades enfrentados por um determinado setor da sociedade que representa boa parte populacional; movimentos que são porta voz dos excluídos. O autor utiliza a linguagem e a poesia ‘marginal’ da periferia, o dialeto ‘vulgar’ do Racionais MC’s e propõe dialogo com as letras oriundas da Legião Urbana, através do discurso de criticidade da realidade social, e apresenta como um fator corroborante a incrementar vieses proeminentes e estender a visão cientifica.

“Nessa configuração, temos a necessidade de buscar – pelo viés da ciência – descontruir uma imagem criada pelos grupos políticos-empresariais que a favela, periferia é um lugar que refugia ‘marginais’, subalternos; o que esses lugares abrigam são pessoas renegadas, excluídas e abandonadas pelo poder público. Pessoas sem assistência e que sucumbem a situações precárias. No bioma amazônico a situação é semelhante e agravante. Caboclos, ribeirinhos, populações quilombolas e rurais, além das populações indígenas, vivem em conjunturas de desprezo, aversão, repulsa; vivem à espera de melhorias de vida que nunca chegam.”, afirma o autor.

Isaías também destaca que “no território da Amazônia brasileira, terreno fértil de mitos, lendas, amazonidades, cosmologias e hierarquias clânicas encontra-se um leque de comiserações enquanto ponto de partida para buscas do entendimento da conjuntura político-social e educativa. A coragem de analisar o Racionais MC´s e a Legião Urbana em um território amazônida se caracteriza a partir do fato de a narrativa desses grupos musicais não fixarem-se incluso no cânone da literatura brasileira hodierna. No entanto, tal aspecto está direcionado às regras do próprio campo literário do que à propriedade dos textos em si; mesmo permanecendo fora do considerado literatura, o discurso desses grupos hegemônicos contém representações que se habituam a não germinar na estética literária. Contexto que se aplica a distintas narrativas de classes genuínas populares.”

O autor também esclarece o grande desafio que encontrou mediante a escrita de um tão importante objeto de investigação científica: “– Preferir por objetos ‘marginalizados’ e de contraculturas no campo da Ciência Humana se configura, como provoca a autora Dalcastagnè (2012), um risco dado que, ao se preferir por determinado escritor, o pesquisador aproxima-se a obter elementos da veemência daquele autor. Desta feita, ao investir em escritores ‘desprestigiados’ no espaço social e cientifico o pesquisador vê ameaçado o seu próprio prestígio. No entanto, se raciocinarmos ininterruptamente nessa álgebra do campo, como poderá ser possível progredir e revigorar o nosso viés científico? Irregularmente do que ocorrem com autores marginalizados que arremetem na literatura escrita — Carolina Maria de Jesus, Paulo Lins e Ferréz —, o Racionais MC´s e a Legião Urbana não têm o objetivo de entrar ou se estabelecer no campo literário brasileiro. Eles atuam — atuaram —, e são bem sobrevindos, no ramo da música. Não carecem do julgamento literário e da investigação acadêmica para que alcancem vigor: sua licitude surge das ruas, do exército de fãs que enchem seus espetáculos, adquirem seus discos e praticam respeito a esses grupos musicais.”

A obra ainda conta com as integrações de dois pesquisadores, cientistas e professores do Estado do Amazonas: Dr. Noélio Martins (Ifam) e Dr. Renan Albuquerque (Ufam). Noélio Martins assina a ‘Apresentação’ do esboço de forma melódica, poética com suas correlações do discurso encantador da história. Renan Albuquerque compôs o ‘Posfácio’ que tece correlações ante abordagem contemporânea e deixa apelos a mudanças pertinentes do (re)pensar a educação na Amazônia Central.

“Posso afirmar que o Racionais e a Legião Urbana não carecem da conjuntura acadêmica; é a academia que não carece proporcionar-se o esplendor de não raciocinar e investigar a respeito das construções discursivas destes e ademais grupos hegemônicos. Os desafios na Amazônia Brasileira são enormes. Em se tratando do cenário da educação os reptos constituem-se numa escala de desafio ainda maior. Nesta conjuntura, esse livro é um ponto de partida de nossas inferências e reflexões que estamos construindo em nossa caminhada na educação numa luta incansável.”, concluiu o autor.

O material está disponível para download gratuito através do link: https://www.academia.edu/46093143/A_M%C3%9ASICA_DE_DEN%C3%9ANCIA_NO_PROCESSO_EDUCATIVO_DE_L%C3%8DNGUA_PORTUGUESA_NA_AMAZ%C3%94NIA_CENTRAL

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