Em ato simbólico ativistas afirmam que Mãe Terra e Mulheres são UNAS

Ato simbólico aconteceu na área externa da Delegacia de Polícia, no Itaúna 2. Foto: Floriano Lins

Por Floriano Lins

Um ato simbólico de Solidariedade à Mãe Terra e às Mulheres vítimas de feminicídio, com celebração de um rito de umbanda, marcou a manhã deste sábado, 25 de novembro, Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres. Ativistas feministas, lideranças de movimentos populares e umbandistas do Recanto de São Jorge e da Caboca Jurema participaram do evento realizado na área externa da Delegacia Interativa de Polícia, no bairro Itaúna 2, em Parintins, a 369 km de Manaus. 

A manifestação evidenciou a relação entre as violências sofridas pelas mulheres e a Mãe Terra nestes tempos de devastação da floresta amazônica. Nomes de vítimas de feminicídios em Parintins foram lembrados pelas ativistas, lembrando ainda que “nosso ato soma com outras ações, no mundo inteiro, in memoriam das Irmãs Mirabal (Teresa, Maria e Minerva), da República Dominicana, assassinadas cruelmente aos 25 de novembro de 1960, sob ordens do então Presidente daquele país, General Rafael Trujillo. A data foi designada como dia de combate à violência contra as mulheres pela Assembleia Geral das Nações Unidas, 39 anos depois, em 1999”.

Mãe Terra

Sob o tema, Mãe Terra e Mulheres são UNAS, o grupo se reuniu em círculo diante de um canteiro onde foi plantado um filho da espécie Aroeira, em novembro de 2021, in memoriam das vítimas de feminicídios em Parintins, para lembrar a fragilidade dos seres da floresta, e afixaram na cerca do canteiro uma placa com os dizeres “Meu nome é Aroeira. Também sou fêmea vulnerável. Protejam-me!”

Em seguida, formou-se o Círculo de bênçãos e homenagem a todas as Fêmeas, vítimas de violências, sob a coordenação de Mãe Socorro, Lia Puxadora Espiritual e dos abatazeiros José Lucas Reis e Rian Soares. A Mãe de Santo, Socorro Batista, manifestou a sua solidariedade às vítimas de violência, afirmando que “a umbanda sempre vai ao encontro das pessoas que nos procuram em busca de paz, de harmonia e de cura. Cada ponto traz uma força pra quem precisa. Mais do que nunca, hoje nós estamos precisando de paz”.

A puxadora espiritual Lia Nazaré Ribeiro declamou uma poesia em homenagem ao pé de Aroeira, lembrando o seu plantio em 2021. “Olhando esta muda de Aroeira, tão pequenina, mas tão resistente ao sol e ao desprezo de nós mesmas. continua firme e altaneira, sempre companheira, lutando pra sobreviver”, disse Lia.

Ela também lembrou da técnica de enfermagem Mara Nascimento, morta a tiros, aos 44 anos, ao tentar salvar o filho da morte por pistoleiros, em janeiro deste ano, na ocupação do Castanhal. “Era uma mulher forte, corajosa e alegre. Tinha muita sabedoria e amor ao próximo”, afirmou a Puxadora Espiritual.

Por que estamos aqui?

Na mensagem ao grupo, a ativista Marinalva Brito lembrou que “estamos aqui por Todas as fêmeas, vítimas de violências: Mãe Terra soma com todas as Mulheres. Por Direitos garantidos na Lei Maria da Penha/11.340-2006; por oportunidades profissionalizantes e concurso público; por efetivação da legislação do trabalho doméstico; por casas de parto e centros de saúde com atendimento dignificado; por divisão igualitária nos trabalhos domésticos; por serviços oferecidos com dignidade às internas dos presídios; pelo retorno da Lei Ana Vitória (Lei seca) e efetivação do Feriado Municipal/08 de março (Dia Internacional das Mulheres) e por outros direitos silenciados”.

“Estamos aqui para despertar consciências e cobrar a QUEM de DIREITO proteção às Áreas Verdes ainda existentes em Parintins; pelo cumprimento da lei de proteção aos animais. Pela preservação da Espécie AROEIRA Miracroduon Urundeuva - plantada em 2021, in memoriam das vítimas de feminicídio e às 140 mulheres mortas pela covid-19 (2020, 2021 e 2022). Além das violentadas e exploradas no período de recolhimento”.

O ato foi organizado pelo coletivo popular formado pela Articulação Parintins Cidadã – Teia de Educação Socioambiental e Interação em Agrofloresta - Coletivo Mulheres de Fibra da Amazônia - Marcha Mundial das Mulheres - Associação de Mulheres Vitória-Régia de Parintins/Amazonas - Movimento da Associação Mulheres da Amazônia, Fórum Parintinense de Educação do Campo, das Florestas e das Águas Paulo Freire e Recanto de São Jorge e da Caboca Jurema.

Foto: Floriano Lins

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