Fragmentos que falam: Mulheres surdas transformam mosaico em vozes visuais


Na noite do último sábado, 22 de agosto, no auditório da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), em Parintins, foi palco de uma experiência artística e social marcante. A exposição Meus Sinais, idealizada pela artista plástica e artesã Selma Lúcia, reuniu obras em mosaico criadas por seis mulheres surdas, que encontraram na arte uma forma potente de expressão e resistência.

Durante semanas, entre julho e agosto, elas se dedicaram à criação de obras que não apenas decoram, mas declaram. Fragmentos de vidro, cerâmica e espelhos foram reunidos com cuidado e emoção para compor retratos visuais de suas vivências. Cada peça é uma janela aberta para o mundo interior de suas criadoras e também um espelho para quem observa. Os títulos das obras, Resistência (Maria Gláucia), Dois Lados (Dilciane Batista), Asas de Liberdade (Maria de Fátima), Sol da Vida Surda (Alessandra Simões), Azul de Lembranças (Elisângela Pereira) e Curvas da Amizade (Dayane Cristine), refletem não apenas o conteúdo estético, mas também o posicionamento social e afetivo de suas criadoras. São retratos que não apenas decoram, mas declaram: a arte como linguagem que ultrapassa barreiras sonoras.

O projeto, financiado pela Lei Aldir Blanc, com recursos do Estado do Amazonas, foi mais do que uma exposição, foi um encontro. 

Alunos do curso de Libras da UEA e moradores de Parintins participaram, compartilhando experiências e conhecendo o trabalho de cada artista através das suas histórias. A comunicação fluiu em múltiplas camadas, provando que escutar não depende apenas da audição. E o legado não termina ali. Após a mostra, cada obra será doada a uma escola estadual escolhida pelas próprias artistas, espalhando sementes de inclusão e inspiração por toda a Parintins, perpetuando o legado de inclusão e inspirando novos olhares sobre arte, identidade e representatividade.

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DRA. CRISTIANE BRELAZ


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