A oralidade dos antigos povos ancestrais ganha, nos tempos atuais, a modernidade do audiovisual. Através do projeto “Kwatinama, a serpente da curva do Kassawa”, o indígena Bruno Hekway, 29, levou aos alunos da Escola Municipal Luz do Saber parte da cultura Hixkaryana. O trabalho, que conta com fomento da Lei Paulo Gustavo (Governo Federal) com apoio da Prefeitura de Parintins, foi apresentado na tarde desta sexta-feira, 19, no Centro do Idoso Pastor Lessa.
O filme apresentou a lenda da cobra Kwatinama, do povo Hixkaryana, que habitava a curva do rio do Alto Nhamundá e assolava a região. São 5 minutos de um filme contado pelo proponente indígena Bruno Hekway com produção e direção de David Huxiley. O produto audiovisual é fruto de políticas públicas que valorizam a arte a cultura local.
“É importante o incentivo à produção local, às pessoas que de alguma forma desenvolvem atividades nos mais diversos segmentos e expressões culturais. Então, a gente fica muito feliz enquanto Secretaria de Cultura e Economia Criativa de Parintins, porque as leis de fomento tem o incentivo financeiro do governo federal, mas é a Prefeitura Municipal que faz esse recurso chegar e faz todo o processo para que eles possam de fato proporcionar momentos como esse que a gente está vivendo aqui”, disse a secretária de cultura de Parintins, Rozenilce Santos.
Para Bruno Hekway, o filme é parte da sua história indígena e serve como uma ferramenta para disseminar a cultura Hixkaryana pelo mundo. Ele conta que sempre ouvia as histórias contadas por seus avós e quis compartilhar com o mundo a sabedoria que passa de geração em geração.
“Estou me sentindo alegre, porque essa história eu sempre queria contar. Essa história é conhecida só nos povos indígenas dos Hixkaryana. Agora, essa história todo mundo já vai ficar sabendo. Então, eu fiquei muito emocionado também, a história vai ser compartilhada através de mim”, destacou Bruno Hekway.
Produção audiovisual
O curta tem 5 minutos de duração. Ele foi animado com tecnologia 3D com qualidade 4k própria para telas de cinema. Foram nove dias de gravação em três locações: aldeia Kassawa, Parintins e Barreira do Andirá (Barreirinha). Todo processo de montagem, produção e edição levou 62 dias com 13 pessoas envolvidas (elenco e produção).
De acordo com o diretor David Huxiley, o filme é um divisor de águas na produção de audiovisual no município. “Na minha opinião é um marco no cinema parintinense, porque ele mostra que é possível, sim, fazer cinema de altíssima qualidade, pronto para a tela grande, aqui em Parintins”, afirma.
A jovem parintinense, Isabelle Alcântara, interpretou a personificação da serpente Kwatinama. Ela precisou gravar no rio durante horas, mas afirma que as gravações tiveram todas as medidas de segurança necessárias e elogiou o profissionalismo da equipe. “Fazer parte deste projeto foi sensacional. Eu me sinto lisonjeada de o David ter me convidado para participar. Na verdade, eu gosto de estar nesse meio cultural, eu gosto muito de contribuir para a cultura de Parintins”, ressalta.
Serão realizadas cinco sessões para exibição do filme em Parintins e na aldeia Kassawa. A ideia dos produtores é expandir as apresentações do produto para fora da cidade e do estado, além de publicações em plataformas digitais da internet.
Texto: Eldiney Alcântara – SECOM
Foto: Arleison Cruz – SECOM
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Cultura