A nação azul e branca viveu mais de nove horas de festa com o Caprichoso no maior Boi de Rua de todos os tempos, desde a saída no curral Zeca Xibelão às 20h até amanhecer na concentração do Bumbódromo neste domingo (19/06). Nem problema técnico no trio elétrico impediu milhares de torcedores de seguirem o trajeto da brincadeira tradicional e cantarem as toadas até a Praça dos Bois. Veja mais fotos abaixo:
A maior festa popular de
boi-bumbá ficou marcada por uma grande apoteose com todos os itens com aparição
em guindaste no meio da multidão e no palco montado na concentração. Já passava
das 5h30 e os torcedores não arredavam o pé da festa. "Depois de quase
três anos sem essa brincadeira, esse é o maior Boi de Rua da história e maior
em emoção. Eu vi só alegria, felicidade, até agora 5h", declara o sócio e
torcedor, Anderson Souza.
O encontro de Dona Julita
Cid, 97 anos, nora do fundador do bumbá, Roque Cid, com o Caprichoso
representou um dos momentos mais emblemáticos e simbólicos do Boi de Rua. A
matriarca foi levada pelos filhos, netos e bisnetos para esperar a passagem do
Boi Caprichoso na esquina da Rua Gomes de Castro com a Avenida Amazonas.
História viva do azul ebranco, Dona Julita Cid, vestia uma camisa com a foto do
sogro.
Com sequelas da Covid-19,
o torcedor João Carlos Siqueira tirou forças da paixão pelo Boi Caprichoso para
encarar todo o trajeto do Boi de Rua em uma cadeira de rodas no meio da
multidão. Natural de Belém do Pará, ele, que também é co-autor da toada Cultura
que Resiste, não conteve a emoção em rever o Caprichoso com a galera nas ruas
enfeitadas com as cores do Boi de Parintins.
Na Avenida Amazonas, o
Boi Caprichoso dançou na casa da sócia Ana Maria Azêdo, que é estampada
tradicionalmente com as cores azul e branco. "Estamos com aquela ansiedade
de brincar o boi e com aquela vontade de ser campeão. Nós vamos vencer esse
festival, se Deus quiser, eu tenho certeza. Eu sou marujeira há mais de 30 anos
e é nossa tradição enfeitar nossa casa. Nossa família toda é Caprichoso",
ressalta.
O Boi de Rua levou uma
multidão de apaixonados, embalada pelos levantadores de toadas no trio
elétrico, pela Rua Gomes de Castro e Avenida Amazonas que se transformaram em
um mar azul. Com a parada do trio elétrico na Catedral de Nossa Senhora do
Carmo, a nação azul e branca seguiu pelas Ruas Clarindo Chaves e Cordovil, Avenida
Nações Unidas, Rua Marujada até a Paraíba para um show apoteótica dos itens, na
Praça dos Bois.
No clima do 55º Festival
Folclórico de Parintins, ao som da Marujada de Guerra, o Caprichoso
protagonizou o primeiro reencontro com os torcedores nas ruas, após a pandemia
da Covid-19, para manter viva a chama da cultura secular. Triciclos enfeitados
também comporam o trajeto da brincadeira. Um dos momentos surpreendentes foi a
aparição dos itens em uma lança de guindaste no palco na Praça dos Bois.
"É um Boi de Rua de
muita emoção. É um momento de dizer que a nossa brincadeira encerra aqui,
porque a partir de agora é batalha, é guerra, é estratégia para vencer o
festival. O Boi de Rua é uma maravilha da vida parintinense. Quem é Caprichoso
espera essa data com a alegria de lavar a sua alma com muita festa e vibração,
principalmente com amor, pois estamos cheios de saudades", declara o
presidente do Conselho de Artes, Ericky Nakanome.
A nação azul e branca fez
a festa para matar a saudade de brincar com o Caprichoso, com a vaqueirada,
ruas enfeitadas, ao som das melhores toadas de boi-bumbá. "É um sábado
antes do festival em que os torcedores extravasaram de alegria nas ruas.
Fizemos uma apoteose jamais vista na Praça dos Bois e confiantes no título com
três espetáculos na arena do Bumbódromo", assegura o presidente, Jender
Lobato.
O dirigente sentiu-se
orgulhoso da nação azulada pela magnitude do evento. "É uma demonstração
de sentimento tão profundo pelo boi. Isso é histórico, é épico, é memorável,
mostra que a galera tá com muita vontade de ganhar o título. Isso é o começo de
uma semana decisiva. Temos o festival e a vitória. A gente quer finalizar nosso
mandato ano que vem com mais um festival e deixar esse legado do maior Boi de
Rua da história", descreve Jender.
Fotos: Yuri Pinheiro e Arleison Cruz