A fotógrafa artística Adria Albuquerque, natural de Parintins (AM), foi contemplada com o Prêmio Transatlântico de Fotografia 2025, uma das mais prestigiadas honrarias da área. A premiação incluiu uma imersão artística na renomada Escola LetteVerein, em Berlim, onde Adria participou de oficinas, exposições e trocas com artistas de diversas partes do mundo.
O diretor da LetteVerein, Frank Schumacher, falou sobre a alegria de recebê-la: “Para nós, foi a primeira vez que conhecemos pessoalmente uma Amazonense. Somos muito gratos por isso — pelas informações sobre seu trabalho fotográfico, sobre sua origem, sua visão de mundo, os temas que lhe interessam. Foi muito emocionante e informativo, especialmente para nossos alunos. Somos gratas por ter sido nossa convidada.”
O ensaio fotográfico premiado aborda o tema fronteiras, no qual a artista expressa o reabitar da vida após a perda. O trabalho foi elogiado por sua sensibilidade e potência narrativa. Com imagens que capturam momentos de reconstrução emocional e territorial, Adria propõe uma reflexão sobre os espaços que habitamos, físicos, afetivos e como eles se transformam diante da ausência.
“Essa série nasceu de uma dor, mas também de uma esperança. Cada fotografia é uma tentativa de costurar o que foi rompido, e ela nasce dessa expressão através do meu olhar, das histórias ouvidas e a minha infância”, afirma a artista fotográfica.
O Prêmio Transatlântico de Fotografia é promovido por instituições culturais europeias em parceria com laboratórios de imagem e som no Brasil, e tem como objetivo reconhecer trabalhos que dialogam com temas sociais, identitários e de memória. Segundo o curador do prêmio, o fotógrafo artístico Caio Reisewitz:
“Para a edição do Prêmio Transatlântico de Fotografia de 2025, tivemos entre os premiados a artista de Parintins. Para nós, foi um grande desafio locomover a Adria de Parintins para Berlim, sendo que ainda foi necessário fazer um passaporte para ela, pois não tinha. Então, é com grande satisfação que conseguimos desenvolver todo esse processo de traslado até Berlim.”
O trabalho dela envolve sobreposições de imagens que procuram transmitir a ideia da memória, com simbologias como a casca de uma tartaruga, que tem nome próprio na linguagem indígena e a figura de um jovem fazendo esse traslado. A sobreposição das imagens já revela uma sofisticação artística da autora. A imersão em Berlim, diante dos alunos da escola, foi muito importante. Acredito que houve uma grande reverberação entre os estudantes em relação à Adria, e também foi uma oportunidade para ela conhecer o trabalho dos alunos do quinto semestre. Para nós, é uma honra poder possibilitar essa vivência, essa experiência.”
Durante sua estadia na capital alemã, Adria compartilhou com colegas e professores uma seleção ampliada de imagens que retratam a vida em Parintins e o processo de viagem até Berlim para sua primeira exposição internacional. A próxima exposição da fotógrafa será realizada em Parintins, na Escola Municipal São Francisco de Assis, instituição onde cursou o ensino fundamental.
“Voltar à escola onde tudo começou é um gesto de gratidão e de reencontro. Quero que as crianças vejam que a arte pode levá-las muito além do que imaginam”, diz Adria.
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